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Qual o impacto do D-dímero na Covid-19?

Logo no início da pandemia, o mundo percebeu que a Covid-19 não era uma doença homogênea e com acometimento pulmonar isolado. Tratava-se de uma doença sistêmica, uma síndrome que tinha, entre outros comemorativos, um forte componente inflamatório vascular. Uma espécie de vasculite generalizada e que inclusive, foi recentemente comprovada em estudo publicado pela revista Circulation. O vírus gera uma resposta inflamatória potente, com dano endotelial difuso e generalizado, através de diversos mecanismos, um deles, relatado neste estudo, através no fenômeno de down-regulation do receptor ACE-2.

Associado a esse fato, aprendemos (a duras penas) que a doença na sua forma grave, estava associada à elevada incidência de fenômenos trombóticos.

O que fazer com o valor do D-dímero no paciente com Covid-19?

Sabendo disso, buscamos formas de medir marcadores que pudessem nos ajudar a predizer de alguma forma a severidade dessa lesão endotelial, bem como estimar o risco de eventos trombóticos e talvez, a mortalidade em si.

O que é o d-Dímero?

O D-dímero consiste em um produto de degradação da fibrina. Um marcador de que o corpo está em processo de produção e degradação elevada de fibrina, com coágulos pequenos sendo formados e destruídos em taxas elevadas. Nós vamos presenciar isso em um paciente com quadros como sepse, trauma, coagulopatias e vasculites. Exato. A Covid-19 tem um pouco de tudo isso.

Qual o impacto do D-dímero na Covid-19?

Ao que parece, bastante. Diversos estudos têm sido publicados, inclusive com desfechos analisados por metanálise, com impacto na elaboração de consensos e guidelines.

Em resumo, a presença de D-Dímero elevado (cutoff > 2.000 mg/L) está relacionado com risco de mortalidade quatro vezes maior em relação a pacientes com níveis normais (razão de risco, 4,11; IC de 95%, 2,48-6,84; P < 0,001) e o risco de desenvolver doença grave foi duas vezes maior em pacientes com níveis de dímero-d elevado versus dímero-d normal (razão de risco, 2.04; IC de 95%, 1,34–3,11; P < 0,001).

Ou seja, ter o D-dímero elevado não é bom, pode sinalizar que o meu paciente vai evoluir com maior gravidade ou mesmo têm maior risco de falecer, mas algumas perguntas ficam no ar:

  1. Há a necessidade de intervenção?
  2. Devo anticoagular todo mundo?
  3. Devo levar todo mundo com D-Dímero elevado para a angiotomografia pesquisando TEP?

Vem comigo que vamos discutir esses pontos.

O que fazer com o valor de D-dímero elevado?

A princípio, parar e pensar no próximo passo. Não existe um valor específico de D-dímero que seja capaz de diagnosticar um evento trombótico isoladamente. Então, respondendo às perguntas acima:

A estratégia anterior (esperar trombosar e depois anticoagular) vinha sendo um problema no manejo dos pacientes com Covid-19 grave. Pensando nisso, o French Working Group on Perioperative Hemostasis (GIHP) and the French Study Group on Thrombosis and Hemostasis (GFHT), em colaboração com o the French Society for Anesthesia and Intensive Care (SFAR), resolveram buscar alternativas.

O grupo identificou os principais fatores associados à ocorrência dos eventos trombóticos e elaborou um protocolo de ajuste de dose do anticoagulante baseado na combinação desses critérios. Os pontos-chaves são:

  1. A anticoagulação profilática nesses pacientes não deve ser de 40 mg ao dia, conforme feito em pacientes habituais. A dose profilática deve ser de 1 mg/kg/dia de enoxaparina.
  2. Essa dose deve ser ampliada para 1 mg/kg/dia a cada 12 horas se houvessem dois ou mais dos quatro critérios a seguir:
    • D-dímero > 3.000 ng/ml
    • Obesidade (Índice de massa corpórea > 30 kg/m2 )
    • Fibrinogênio > 800 mg/dL
    • Hipoxemia com relação PaO2/FiO2 < 200

Essa estratégia tem sido estudada em grupos maiores randomizados, já com respostas promissoras. Parece algo racional, com bom resultado e sem risco aumentado de eventos hemorrágicos.

Nos pacientes com elevação abrupta do d-dímero ou forte suspeita clínica para tromboembolia venosa (Wells > 4, Edema assimétrico de membros inferiores, sinais de hipertensão pulmonar na ecocardiografia ou piora hipoxêmica súbita e sem correlação com imagem), a angiotomografia deve ser considerada.

Impressão pessoal

Autor: Hiago Bastos

Fonte: PEBMED

 

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