O número de casos de malária ao redor do mundo parou de cair após alguns anos seguidos de declínio: é o que mostra o relatório anual da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado dia 19/12/18, em Maputo, capital de Moçambique. Em 2017, foram registrados 219 milhões de casos da doença, comparados a 217 milhões em 2016.
Desde 2010, a quantidade de pessoas que contraíram malária no mundo vinha caindo: de 239 milhões, naquele ano, para 214 milhões, em 2015. Apesar da queda do ano passado em relação ao início da década, a OMS afirmou, no relatório, que “não houve progresso significativo em reduzir a incidência da malária, globalmente, nesse período de tempo”.
Os novos dados indicam que é improvável que os principais objetivos de combate à doença estabelecidos para 2020 sejam alcançados: de reduzir a incidência de casos e a taxa de mortalidade em pelo menos 40% em relação aos níveis de 2015.
A África é a mais afetada pela doença. Dez países — Burkina Faso, Camarões, Congo, Gana, Mali, Moçambique, Níger, Nigéria, Uganda e Tanzânia — viram, juntos, um aumento de 3,5 milhões de casos de malária de 2016 para 2017. Ao todo, o continente africano registrou 200 milhões dos casos da doença do ano passado.
Segundo a organização, 435 mil pessoas morreram de malária em 2017, número que representa uma queda em relação a 2016 (veja o gráfico). Dessas, 403 mil morreram no continente africano – quase 93%.
Ghebreyesus anunciou um plano “focado e liderado por países” para adotar ações abrangentes contra a malária, de forma a tornar o trabalho de combate à doença mais eficiente em cada local.
No Brasil, a OMS estima que houve 217.928 casos de malária no ano passado, um aumento de 84% em relação a 2016. Existem 42 milhões de pessoas no país que correm o risco de contrair a doença, de acordo com o relatório. Desde 2010, a incidência vinha diminuindo. Segundo o Ministério da Saúde, a maioria dos casos brasileiros se concentra na região Amazônica, nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Apesar disso, outros estados também já tiveram casos confirmados da doença em 2018.
Apesar do aumento na incidência da doença, a OMS também destacou alguns pontos positivos: em 2018, a organização certificou o Paraguai como livre de malária — primeiro país a receber esse status nos últimos 45 anos. Outros três — Argélia, Argentina e Uzbequistão — já pediram essa certificação à OMS.
Aumentou, ainda, a quantidade de países próximos de eliminar a doença: eram 37 em 2010, e passaram a ser 46 em 2017. Na China e em El Salvador, nenhuma transmissão local de malária foi comunicada em 2017 — prova de que esforços liderados por países em reduzir riscos podem ter êxito, afirmou a organização.
Na Índia, país que representa 4% da ocorrência global de malária, houve uma redução de 24% nos casos em 2017, quando comparado a 2016. Já Ruanda viu uma queda de 436 mil casos da doença.
Para combater a doença, a OMS estima que foram investidos, no mundo todo, 3,1 bilhões de dólares (cerca de R$ 11,6 bilhões) em programas de controle e eliminação em 2017. Essa quantidade é menor do que a que seria necessária para o ano passado: 4,4 bilhões de dólares (R$ 16,5 bilhões).
De acordo com o relatório, para conseguir atingir os objetivos da estratégia global contra a malária, que incluem diminuir a incidência e mortalidade da doença em até 90% até 2030, os investimentos deveriam alcançar, pelo menos, 6,6 bilhões de dólares anuais até 2020 — mais que o dobro do que está disponível hoje.